Sobre Antônio Gaudério
A ESTÉTICA DA INDIGNAÇÃO
A inquietação do ser social traduzida por um olhar sensível. Assim é a obra de Antônio Gaudério, premiado fotojornalista gaúcho do Rincão dos Miranda, que expõe em seus registros verdadeiras denúncias em forma de poesia. São versos para serem contemplados, que impactam pela
beleza extraída do caos e também pelo desassossego que pressente no banal. Essa vocação natural para o inesperado, espontânea e sem retoques, construiu simetrias formais que são até hoje objeto de estudiosos do ofício. Mais que isso, porém, a obra de Antônio Gaudério
é plena de alma e narra enredos
inesquecíveis, que têm como maior protagonista as gentes simples, invisíveis e sofridas do Brasil.
Uma realidade que sempre lhe inspirou genuína indignação e fez de Antônio Gaudério um jornalista fotográfico ousado, obstinado e, principalmente, imprescindível.
Em sua carreira vivida a maior parte no jornal Folha de São Paulo (entre as décadas 1980 e2000), Gaudério ingressou em aventuras improváveis, que lhe renderam o reconhecimento de seus pares e a alegria de fazer a diferença naquela realidade que queria transformar.
Um trabalho que lhe valeu também várias capas de jornais, menções honrosas e prêmios celebrados, como Prêmio Vladimir Herzog (1993, 1995 e 1998), Prêmio Folha de Jornalismo (1995, 1998 e 2007) e Prêmio Ayrton Senna de Fotografia (2000).
O acidente doméstico que interrompeu a vitoriosa carreira de Antônio Gaudério em 2008 pode tê-lo afastado do fotojornalismo, sem, porém, jamais ofuscar o brilho de sua obra. Um legado que ficará para sempre como instrumento de denúncia, expressão da pura arte e uma declaração de amor ao ser humano.
